Vem aí uma candidata a ser a nova Embraer

Ilustração de como seria o novo avião brasileiro (desaer.com.br)



Quando as fabricantes de aviões Embraer e Boeing anunciaram a fusão das duas em presas em julho de 2018, muita gente expressou sua contrariedade em relação ao negócio. Segundo os opositores ao acordo, a norte-americana Boeing iria engolir a brasileira Embraer.  O assunto ainda está fervente nas redes sociais. Foi pauta da campanha presidencial e gera ainda forte debate jurídico, com idas e vindas de liminares da Justiça Federal tentando barrar a fusão entre as duas empresas.

O fato é que a Embraer é uma grande empresa mas, sozinha, não teria como competir mais no mercado internacional. Até os mais apaixonados sabem que há dificuldades na indústria aeronáutica, mesmo com grande encomendas e um mercado com forte potencial de crescimento.

Com a notícia da fusão, os velhos papos de nacionalismo, sindicalismo brasileiro e perda de soberania voltaram à tona. Não é nada disso. O negócio entre as duas empresas segue a lógica da sobrevivência no mercado. E ponto final.

No meio desta confusão, envolvendo, inclusive, a Justiça Federal, houve o lançamento de um novo projeto de avião nacional. O ATL foi lançado em 2018, mesmo ano do primeiro avião brasileiro produzido em série: o Embraer Bandeirante. O novo avião é de uma outra empresa, chamada Desaer, e que poderá ser uma nova Embraer no futuro.

A Desaer é uma empresa incubada no Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA), em São José dos Campos, interior de São Paulo. Tem entre seus quadros diversos engenheiros formados pelo Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), além de diversos estudantes da mesma instituição. A Desaer tem entre seus fundadores diversos ex-funcioários da Embraer.

O ALT 100 é um avião-utilitário, como é chamado este tipo de aeronave no Brasil. Internacionamente, a categoria é chamada de commuter, porque o avião pode ser usado para ser a ponte entre aeroportos maiores. Tem rampa traseira própria, pode subir e pousar em pistas curtas, sem pavimentação, de grama ou sem nenhuma preparação.
Também tem trem de pouso fixo e outras particularidades que o fazem ter custos de operação e manutenção baixíssimos.

ATL é a sigla de avião de transporte leve. O projeto da Desaer pode levar até 19 passageiros sentados, ou 12 paraquedistas, ou ainda, três contêneires de carga aeronáuticos do tipo LD3, usado nos grandes aviões de carga.

Lançado em outubro de 2018, o ATL é um avião que pertence a uma categoria com potencial de vendas de mais de 2 mil unidades para os próximos vinte anos em todo o mundo. Fundos de investimento árabes e chineses já se interessaram em saber mais sobre a Desaer e o desenvolvimento do avião.

O projeto é 100% nacional e cada avião deverá ser vendido ao preço em torno de US$ 5 milhões.  No mercado internacional, o brasileiro ATL tem a vantagem competitiva sobre eventuais concorrentes, como o alemão DO 228 e o tcheco L 410: o ATL é mais alto e mais largo, o que dá condições para o transporte dos contêineres.

A previsão dos empresários da Desaer é que o ATL 100 possar ter seu primeiro protótipo voando em até cinco anos.

É bom lembrar que a Embraer começou com um avião utilitário. O Bandeirante completou 50 anos de seu primeiro voo e ainda há diversos deles voando ao redor do mundo. 

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