Argentinos querem mais "derechos"

Cristina e Fernandez (Foto: Agência Efe)

Peronismo de esquerda mostrou
sua força nas prévias da eleição
argentina em 11 de agosto.
Argentinos mostraram que
preferem o populismo a uma
tentativa de fazer o país crescer
com um agenda liberal


Dizer que os argentinos precisam fazer isto ou aquilo é presunção demais para um brasileiro. Nós é que precisamos fazer um monte de coisas para sairmos do buraco em que estamos metidos há uns quarenta anos. Precisamos desinchar o estado, fazer com que diversas atividades seja transferidas para a iniciativa privada. E a iniciativa privada, com seus erros e acertos, que vá melhorando aos poucos o que precisa ser melhorado. Sem deixar os passivos para os cidadãos. 

Precisamos parar de gastar tanto com estatais, com um funcionalismo público bastante inchado e oneroso.

Precisamos fazer reformas que nos deixem mais perto dos países que vêm dando certo no mundo. Inclusive os países aqui da América Latina, como Colômbia, Panamá, Peru, Chile e até mesmo o Paraguai.

Depois de dizer o que nós, brasileiros, precisamos fazer para melhorar o Brasil mais aberto a investimentos, a novas oportunidades de emprego e renda, podemos falar dos argentinos.

Nossos hermanos vizinhos precisam de nós. E nós, brasileiros, precisamos deles. Eles são o nosso terceiro mercado internacional, atrás de China e Estados Unidos. Historicamente - e esse "historicamente" independe do Mercosul - o Brasil tem uma relação muito forte economicamente com a Argentina. A proximidade fronteiriça ajuda, mas é a proximidade geopolítica que faz essa relação ainda mais forte.

Ao longo do século 20 Brasil e Argentina tiveram diversas similitudes na política. O Brasil teve seu Estado Novo com a ditadura de Getúlio Vargas. Os argentinos tiveram seu caudilho Juán Perón. Tivemos aqui uma ditadura não-personalista de militares. Na Argentina também. Tivemos nossa redemocratização. Eles também. Tivemos Sarney. Eles, Alfonsín. Tivemos Collor. Eles, Menen. Nós Dilma. Eles, Cristina. 

Com essas similitudes todas, o brasileiro pode dar pitacos na política argentina. Ainda mais, com a possibilidade da eleição de Alberto Fernandez, é possível que argentinos venham em massa para o Brasil. 

Alberto Fernandez, que tem Cristina Kirchner como vice, já disse em vários momentos que é favorável ao que acontece, politicamente, na Venezuela. Fernandez e Cristina são apoiadores de Nicolás Maduro, o ditador venezuelano.

Voltando às primárias na Argentina do dia 11 de agosto, que deram a vitória a Alberto Fernandez (47%) sobre Macri  (32%); o resultado das prévias mostraram que os argentinos gostam de um bom populismo. A volta do kirchnerismo ao poder significa a impressão irresponsável de dinheiro, o inchaço da máquina pública, o fantasma de um calote internacional das dívidas argentinas e mais pobreza. 

Mesmo que num primeiro momento o kirchnerismo possa dar "derechos" a uma população empobrecida por muitos anos de assistencialismo, a Argentina não suportará mais aventuras sem dinheiro. O país já é considerado um problema para o sistema financeiro internacional. Os grandes bancos têm dificuldades de emprestar dinheiro à Argentina. Com o kirchnerismo, isso vai ficar ainda pior.

As eleições argentinas têm seu primeiro turno marcado para o dia 27 de outubro. Até lá, Maurício Macri terá pouco tempo para mostrar que pode reverter sua situação e tentar a reeleição. A Argentina só tem saída com a austeridade fiscal e a responsabilidade nos gastos. Isso significa um arrocho generalizado no primeiro momento, mas uma melhora no ambiente de negócios e na geração de empregos. No entanto, ao que parece, os Argentinos preferem o populismo kirchnerista. 




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