Argumentos para o adiamento das eleições 2020


Luis Roberto Barroso e Rosa Weber (Foto: Ascom/TSE)


Alguns especialistas dizem que a quarentena, ou o isolamento social, deve ir até depois de maio. Caso isso ocorra, ainda teremos mais uns dois meses de medo impedindo as pessoas de se reunirem. Política não se faz sem reunião, sem encontro, sem assembleia. Os ânimos já estão acirrados, há uma divisão forte no país - que não vem de agora, diga-se.
Luis Roberto Barroso, que vai suceder Rosa Weber na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), antes sequer falava na possibilidade de adiamento. Nesta semana, no entanto, o homem que vai conduzir as eleições 2020 já admite discutir o assunto. 

O ideal, para todo mundo da política, inclusive dos que - neste momento - são contra o adiamento, é deixar as eleições para dezembro. Com o adiamento, mantêm-se a periodicidade dos mandatos de quatro em quatro anos e a legitimidade do voto do eleitor, que sufragou os políticos para o mandato de quatro anos de duração. A situação não está boa. A sociedade brasileira vem dividida, polarizada, desde os protestos de rua de 2013. Desde aquele ano, em que praticamente todas as capitais brasileiras registraram protestos contra os aumentos nas tarifas de transporte público, os brasileiros estão naquela de "nós & eles".

Por esta polaridade, por este clima de dois Brasis antagônicos, é que não seria bom um processo eleitoral no mesmo calendário tradicional, quando em agosto a corrida pelo voto entra a pleno vapor. Uma campanha eleitoral sem adiamento, neste ambiente de vírus chinês, colocaria em risco a possibilidade de um debate político de qualidade. Por outro lado, a campanha sem o adiamento dos prazos influenciaria negativamente as ações que as milhares de prefeituras estão empreendendo para mitigar as consequencias da pandemia. 

Buscar o adiamento das eleições, mesmo dentro do ano de 2020, já seria bom para retirar do ambiente de retomada da economia e da vida normal, sem a "contaminação" da busca pelo voto.  

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