Bolsonaro tem razão. Moro já estava em outro projeto

Jair Bolsonaro e Sérgio Moro (Foto: Divulgação/Ascom-MJSP)



O herói nacional Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, já não estava mais no projeto do Presidente Jair Bolsonaro. Sérgio Moro pediu para sair do cargo nesta sexta-feira, dia 24 de abril, por desavenças com o Presidente da República. Antes de entregar a renúncia, Moro reclamou de ingerência política da figura do presidente no cotidiano da Polícia Federal. Moro saiu atirando, dando variações das acusações de ingerência política. No final da tarde, Jair Bolsonaro reuniu seu ministério para fazer um pronunciamento, defendendo-se das acusações. No entanto, Bolsonaro também atacou Moro. A principal acusação, no momento da fala oficial, é de que Moro não estava mais no projeto de governo eleito em 2018. Para Bolsonaro, Moro era desarmamentista, o que iria contra todo o discurso do Capitão, e também não deixava a Polícia Federal passar algumas informações. Especialmente, sobre as investigações sobre o atentado que Bolsonaro sofrera em setembro de 2018. 

Jair Bolsonaro está certo. Especialmente depois que juntou o ministério para fazer o pronunciamento no final da tarde. Sérgio Moro é uma figura com enorme prestígio entre boa parte da população. Sérgio Moro, enquanto juiz federal, mandou para a cadeia, por corrupção e formação de quadrilha, o ex-presidente Lula da Silva. Entre os crimes, o desvio de bilhões de reais da Petrobras para empreiteiras que faziam obras superfaturadas e deixavam dinheiro para caixa dois destinados às campanhas do PT, o partido de Lula.

Moro disse que Bolsonaro havia lhe prometido carta branca para nomear sua assessoria no Ministério da Justiça e as chefias de órgãos vinculados ao Ministério, como, especialmente, a Polícia Federal. O problema é que Moro acreditou. Juiz com mais de 22 anos de carreira, não tinha a "manha" política". Moro acreditou que poderia fazer do Ministério da Justiça e Segurança Pública o seu próprio feudo. Claro que não entendeu que a política, como diria o personagem de Carlos Vereza em O Rei do Gado, tem dessas coisas. Na linda peça da teledramaturgia brasileira dos anos 1990, estrelada por Antônio Fagundes, Vereza era o senador amigo do grande latifundiário e pecuarista vivido por Fagundes, o "Bruno Mezenga".  Quando a empregada do Senador Caxias perguntava sobre o que via na televisão quando o assunto era política, o Senador dava um suspiro e dizia: "a política, Chiquita, tem dessas coisas". E deixava a empregada, vivida por Arieta Correa, sorumbática e pensativa.

Moro não sacou que a política tem dessas coisas e ficou imaginando que poderia ir contra as ideias do Presidente. Ora, por mais que alguns setores descontentes que perderam as eleições de 2018 empurrem um tal "parlamentarismo de ocasião", o Brasilzão ainda é presidencialista. Quem manda é o presidente, com os freios, contrapesos e quebra-molas que o estado democrático de direito coloca para evitar o autoritarismo. Mas, quem manda no Executivo, ainda é o presidente. Ministro é cargo político e pronto. Por mais qualificado que seja, e não é um jurisconsulto, Moro ainda é apenas um juiz que largou a toga. Apostou num projeto e perdeu. E ainda sai atirando. 

Bolsonaro continua Presidente da República e segue no governo de um dos maiores países do mundo. Ele tem a caneta e troca de acordo com as suas convicções. Claro, a esquerda que perdeu a eleição agora vai botar pra quebrar. É pedido de impeachment e montagem de comissões parlamentares de inquérito. Isso vai paralisar, por enquanto, a agenda da retomada da economia necessária para mitigar os efeitos da recessão pós-crise do corona vírus. 

Apesar de Moro, de sua vaidade e seu ego, o Brasil vai continuar sendo esse país complexo e múltiplo. Bolsonaro foi eleito para ser o cara que não fala bonito, mas combate a corrupção e quer um país mais livre. Por enquanto, tem entregado o que prometeu na campanha. 

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