Emirados Árabes Unidos lançam sonda a Marte. Um bom exemplo para o Brasil

Foguete Mitsubishi lançado em Tanegashima (Foto: Narita Masahiro)

No dia 19 de julho, os Emirados Árabes Unidos (EAU) se tornaram a primeira nação árabe a lançar uma sonda para estudar a atmosfera do planeta Marte. Os Emirados são um conjunto de sete pequenos países, sendo o mais famoso é a cidade-estado Dubai, mas ainda fazem parte Abu Dhabi, Ajman, Fujairah, Ra´s al-Khaimah, Sharjah e Umm al-Quawain. No total, a área dos Emirados é de 83 mil quilômetros quadrados. Um pouco menor que o estado de Pernambuco. 
Os Emirados Árabes Unidos lançaram a sonda Al amal, ou esperança, em árabe. O aparato vai ficar sete meses em viagem para cumprir os quase meio bilhão de quilômetros até Marte. Chegando ao planeta vermelho, a sonda vai estudar a sua atmosfera durante cinco anos. A missão da sonda é estudar os elementos da atmosfera marciana, níveis de oxigênio, monóxido de carbono, ozônio, além de estudar ondas de luz ultravioleta em várias altitudes do ar marciano. 

Cientistas no anúncio do sucesso da missão

O programa espacial dos Emirados Árabes Unidos começou em 2005. Em 2008 começou a sua participação em um satélite coreano. Em 2014, o governo emiradense anunciou que mandaria uma sonda a marte em 2021, para comemorar os cinquenta anos do país, que emancipou-se da Inglaterra em 1971. Um ano antes, agora em julho, a sonda foi lançada.
Antes disso, os Emirados já haviam patrocinado a viagem de seu primeiro astronauta. Hazzann al-Mansur tornou-se o primeiro astronauta do país 2019. Ficou oito dias a bordo da Estação Espacial Internacional.

Hazzan al-Mansur (Foto: Nasa)

O lançamento da sonda foi feito a bordo de um foguete japonês da Mitsubishi, mandado ao espaço a partir da base de Tanegashima, no Japão.
Ao todo, o projeto da sonda e o lançamento custou aos Emirados algo em torno de USD 200 milhões.
Os emiradenses querem aumentar sua receita nacional com outras fontes que não sejam apenas aquelas vindas do petróleo. Os Emirados já são um importante centro mundial de serviços financeiros e de turismo. A exploração espacial, para o país, é uma oportunidade para entrar no seleto grupo de países que lançam satélites de forma comercial. Uma indústria que gira em torno de USD 30 bilhões ao ano. 

O Brasil

Pois bem. O Brasil almeja dominar a fronteira espacial. Mas não não tem conseguido. Não tem orçamento decente para o setor, nem mesmo uma política séria. As várias tonalidades do programa espacial brasileiro começaram há quase setenta anos. No entanto, até o hoje o Brasil não conseguiu lançar um satélite que prestasse feito no país. Há participação em projetos de outros países, mas, um satélite que realmente seja usável, isso está longe de acontecer.
O Brasil não leva a sério o espaço. Perde muito tempo em quizilas ideológicas e deixa passar oportunidades. A Base de Alcântara, no Maranhão, é o melhor lugar do mundo para o lançamento de foguetes, com uma combinação de distância da linha do Equador e de uma grande área de mar aberto no Atlântico. No entanto, essas vantagens já foram mais importantes até agora. Com novas tecnologias de lançamento e resgate de foguetes usados, a base brasileira pode se tornar obsoleta. Corre o risco, inclusive, de não despertar interesse de outros países e empresas lançadoras de satélites. 
Além da obsolescência tecnológica, há um interesse deliberado de organizações não-governamentais brasileiras e estrangeiras em inviabilizar Alcântara. Há um movimento de mais de vinte anos para que as terras ao redor da base sejam declaradas públicas para serem transferidas a quilombolas. Com isso, há risco para a segurança em todo perímetro da pista de lançamento. Uma pena.
A outra base brasileira, muito importante e bem posicionada, a Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte, sofre com o incentivo à ocupação urbana irregular ao seu redor. Tudo, claro, com o apoio de movimentos que incentivam a invasão de terras públicas vizinhas à base.
É bom lembar que a corrida espacial levada a cabo por empresas privadas, como SpaceX, Blue Origin e Virgin Galactic, poderá fazer a localização da plataforma de lançamento uma vantagem do passado. Dentro de poucos anos, qualquer lugar aberto poderá ser usado para mandar um foguete para o espaço. Inclusive um navio no oceano poderá servir de lugar de lançamento. 

Pesquisa

O exemplo do lançamento da sonda emiradense é bom para mostrar que não dá para ficar generalizando a importância do investimento em ciência e pesquisa. Nem tudo dá para ser levado em consideração. A pesquisa feita pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), sobre existência de infectados pelo Corona Vírus. A chamada pesquisa, na realidade, é uma enquete, para saber quem está ou não com a infecção. Coisa primária que custou aos cofres públicos mais de R$ 12 milhões. Ainda bem que o Ministério da Saúde parou com a sandice. Dinheiro do contribuinte jogado fora por uma enquete que só viu o óbvio para lançar terror sobre a população.
Os emiradenses não discutiram muito. Nem perderam tempo. Viram o que dava para fazer, foram ao mercado, acharam um foguetão japonês e pronto. Lá estão eles, no meio do deserto, acompanhando a longa viagem de sua sonda até Marte.



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