Putin perdeu a guerra da informação

Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, enfrentando o bombardeio russo


O ser humano tem aquela tendência de ficar do lado do mais fraco quando se depara com uma agressão. É sempre assim. Você, eu e a maior parte das pessoas que conhecemos procura a se compadecer com aquele que está apanhando. Até mesmo há aqueles que se criam uma empatia com o assaltante, o criminoso, o ladrão quando estes estão apanhando de alguma maneira. Vide as imagens de pessoas ficando ao lado de presos quando há aquelas reportagens mostrando a "cruel situação dos nossos presídios".

Bom. É assim mesmo. Por enquanto, essa tendência de comiseração pelo mais fraco não vai mudar.

Tem sido assim na invasão covarde que a Rússia promove desde o final de fevereiro ao território da Ucrânia. Você, eu e boa parte da humanidade está do lado dos ucranianos. No sétimo dia da invasão, 141 países reunidos em uma assembleia das Nações Unidas repudiaram a ação do  ditador Vladmir Putin. Não havia nenhuma razão, do ponto de vista do mundo democrático e dos valores que defendemos (governo da maioria, democracia, livre mercado, liberdade de imprensa, direito à vida e à propriedade etc), para a invasão da Ucrânia pela Rússia. O que existe é uma busca desenfreada por mais poder da ditadura liderada por Putin. 

A elite política russa não suporta que uma nação vizinha que tenha feito parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) tenha progresso e riqueza a partir dos valores ocidentais. Não. Os russos da oligarquia que sustenta Putin (sustenta naquelas... por enquanto) preferem manter um estado forte, ditatorial, dono de tudo e sem nenhuma liberdade.

A oposição na Rússia de Putin, desde o ano 2000, não existe. Ou ela foi morta envenenada, ou está presa ou exilada. Não há eleições livres na Rússia e quem falar mal do governo vai preso.

Também não há mídia alternativa, imprensa independente ou judiciário que funcione fora da esfera do poder da elite governamental.

Nesta invasão, a Ucrânia presidida pelo ator e humorista Volodimir Zelesnky, tem se saído melhor na comunicação do que a agressora Rússia de Putin. Com habilidade fenomenal de comunicação, com um preciso manuseio das redes sociais e de uma capacidade oratória fantástica, Zelesky ganha apoio e a simpatia da opinião pública mundial. Tem um pequeno exército, uma força aérea já dizimada pela supremacia aérea russa e uma marinha quase inexiste. Mesmo assim, Zelensky conseguiu inspirar seu povo a fazer uma resistência espartana. 

Tem sido comuns as imagens de voluntários pegando em fuzis para defender as cidades ucranianas frente aos invasores russos. As imagens são feitas com os celulares dos ucranianos comuns e vão para a internet. E acabam trazendo mais simpatia e engajamento para o povo invadido. E aumenta a resistência.

Zelensky inspira seu povo ao fazer vídeos onde aparece falando nas ruas bombardeadas, não apenas pronunciamentos dentro de seu bunker.

Já Putin não permite que a maioria dos soldados que invadem a Ucrânia tenham celulares. Pouquíssimos têm telefone celular consigo. E Putin perde a batalha da comunicação, especialmente, por fazer prounciamentos protocolares pela televisão estatal. Sempre bem vestido, barbeado e sentado à sua mesa rodeado de aparelhos de telefone (fixos!) e dois computadores. 

Zelensky parou de fazer a barba desde o início da invasão e aparece nos vídeos com uma camiseta verde militar. Quando faz videos da rua, usa um casaco tático usado pela polícia ucraniana. Nada mais inspirador para os jovens que estão jogando coquetéis molotov contra os tanques russos.

Há muito elementos, surgindo a cada dia da invasão, que dão ao presidente da Ucrânia o título de vencedor de várias batalhas. Ele não se rendeu, continua no seu país mesmo sob o risco de ser morto a mando de Putin. Os líderes europeus ofereceram a ele a possibilidade de uma fuga segura. Mas ele preferiu ficar e ainda soltou uma de suas pérolas retóricas. "Não preciso de carona; preciso de munição", disse. 

Com essa frase, além de outras que solta diariamente ("Aqui é o fim do mundo. A Ucrânia é o muro que separa a civilização da barbárie"), Volodimir Zelensky já escreveu seu nome na história como herói. 

E ajuda a enterrar o nome de Vladmir Putin na vala onde jazem os piores facínoras da história.

E Putin corre sério risco de ser apeado do poder. 

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