Paraguai investiu em marketing para atrair novos negócios e fluxo de turistas

Fábrica de tubos de polietileno de alta densidade, inaugurada em 2019 no Paraguai (foto: gov.py)



O Paraguai vai ter eleições presidenciais no final deste mês de maio. No dia 30, os vizinhos paraguaios vão escolher o novo presidente, o sucessor de Mário Abdo vai ser eleito e deve sair da dupla entre Efrain Alegre e Santi Peña. Os dois têm hoje cerca de 74% das intenções de voto. Efrain é um político tradicional do Partido Liberal Radical, de centro. Peña é do Partido Colorado, e seria hoje o candidato da situação. Alegre está com 38% e Peña tem hoje 36% das intenções de voto. Os dados são do Instituto  Atlas divulgados na segunda quinzena de março. Os candidatos identificados como esquerda não chegam a 12%.

No Paraguai, com pouco mais de sete milhões de habitantes, não tem segundo turno. Fez mais votos, levou o mandato.

Aliás, lembram do goleiro Chilavert?

O goleiro que defendeu a Seleção Paraguaia em três copas do mundo, é candidato a presidente do Paraguai. Ele tem uma posição política controversa, ora critica os líderes esquerdistas Nicolas Maduro e Evo Morales, ora critica a política norte-americana para a América do Sul.

Pois, bem. A não ser que haja um cataclismo político, o Paraguai deverá continuar com uma presidência de centro-direita pelos próximos cinco anos. 
E isso tem tudo a ver com o título deste texto. O Paraguai vai continuar crescendo em relação aos seus vizinhos latino-americanos. 

E o crescimento paraguaio vem atrelado a dois fatores. O primeiro é uma lei de 2000, quando o governo federal do país vizinho criou o regime de Maquila. Tal conjunto de leis permite que indústrias estrangeiras estabeleçam suas plantas em território paraguaio pagando apenas 1% de imposto. Sim, UM por cento de imposto. Para as empresas que estão instaladas no país, não há nenhuma taxa para importar insumos e maquinário. 

Além da lei dando o benefício tributário, o arcabouço de impostos no Paraguai é ridiculamente baixo, se comparado ao Brasil e à Argentina. Os paraguaios pagam apenas cinco impostos. Sobre a renda, valor agregado (tipo o brasileiro ICMS), importação, contribuição social e um tributo sobre combustível, bebidas e cigarros. São apenas esses cinco impostos.

No geral, a média de impostos pagos no Paraguai não chega a 17%. Enquanto no Brasil ela fica em 36% e na Argentina - a maior da América Latina - em 37%.

O Paraguai tornou-se um ótimo lugar para se investir e fazer negócios.  

E tem muita empresa brasileira abrindo portas no Paraguai. Autoridades paraguaias estimam que até 60% das firmas estrangeiras estabelecidas no país após o regime de Maquila de 2000 sejam de capital predominantemente brasileiro.

O segundo fator que vem ajudando o crescimento paraguaio é um investimento em marketing institucional. 

Feito pelo governo e também pelas empresas que estão instaladas no país. Este esforço de marketing vem ocorrendo desde o início dos anos 2000, logo após a publicação das leis de Maquila. Inicialmente, o governo paraguaio investiu em missões governamentais e empresariais fazendo road-shows por vários estados brasileiros, mostrando as potencialidades do país vizinho.

O esforço seguiu com empresas privadas interessadas em ajudar novos negócios a se instalarem no 

Paraguai. Até mesmo pequenos escritórios de assessoria publicaram - e ainda vêm publicando - informes e peças publicitárias na imprensa brasileira difundindo a nova imagem do Paraguai.

Este esforço de marketing veio na esteira de uma imagem negativa que o Paraguai tinha (e ainda tem, em menor escala) junto aos seus vizinhos sulamericanos. Muito focada no comércio de produtos de segunda linha em Ciudad del Este, essa imagem negativa espantou, por muito tempo, até mesmo o turismo no Paraguai. 

Hoje, com enfoque nas características coloniais ainda presentes na capital, Assunção, a busca por turistas e gente de negócios tem se intensificado. E tem dado certo. O Paraguai tem registrado um fluxo positivo de pessoas que buscam fixar residência. Brasileiros, argentinos e muitos europeus, como alemães, tchecos, lituanos e poloneses optam por morar e fazer negócios no Paraguai.

Ah... o Paraguai é um dos poucos países no mundo que não mantêm relações diplomáticas com a China. Os paraguaios preferem Taiwan. Também é um dos únicos países latino-americanos que não fazem parte da Iniciativa Rota da Seda, o projeto chinês que financia infraestrutura de transportes em diversos países do mundo. Brasil, México e Colômbia ainda não assinaram o acordo com os chineses. (Miguelito Medeiros, consultor de marketing, comunicação e política)

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