O instituto de saúde para os servidores do RS perdeu o brilho

Médicos Gerson Junqueira Jr. e Luiz Grossi durante anúncio dos Hospitais


O Rio Grande do Sul já foi famoso por ter um dos melhores serviços de saúde suplementar para os servidores estaduais. Coisa do passado


Fundado em 1931, o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPE) já foi considerado um dos melhores planos de saúde e previdência para funcionários públicos. A comparação era feita em todo o Brasil. O apogeu da credibilidade e da confiabilidade da marca IPE se deu há uns 50 anos. Hoje é apenas uma sombra do que já fora. 

Nos últimos anos, o IPE separou as áreas de previdência e saúde. E é a assistência à saúde onde os problemas mais se avolumam e assombram os segurados do instituto. O IPE não é um plano de saúde, por isso não se sujeita às normas e fiscalizações da Agência Nacional de Saúde Suplementar. E isso é um grande problema.

O IPE Saúde tem aproximadamente um milhão de vidas seguradas. São titulares os funcionários públicos do estado do Rio Grande do Sul e seus familiares. Além dos servidores estaduais, há convênios com 237 prefeituras gaúchas. 

No total, praticamente 10% da população conta com a rede conveniada do IPE com médicos, hospitais, laboratórios e farmácias. 

Em 2023, um grande movimento liderado pelos médicos conveniados pediu e levou o reajuste de 95 procedimentos médicos dos mais variados que eram oferecidos aos segurados. Desde consultas, visitas médicas aos hospitais até procedimentos cirúrgicos mais complexos. Com essa atualização de parte da tabela, os médicos ficaram mais aliviados, por a tabela estava sem reajuste desde 2011. 

Apesar dos avanços nas atualizações do trabalho médico, os procedimentos nos hospitais e clínicas conveniadas ao IPE não tiveram as mesmas atualizações. Apesar de majorações pontuais, elas estão muito defasadas. 

Tal defasagem tem feito muitos dos hospitais trabalharem praticamente no zero a zero, batendo despesa e receita a conta fecha ali, apertadíssima. E a entidade que representa os hospitais filantrópicos, religiosos e comunitários prevê que até o final deste ano de 2024 haja uma invertida na linha a operação com o IPE fique prejudicial aos prestadores.

E, nesta semana, 18 dos maiores hospitais do Rio Grande do Sul anunciaram que não irão mais atender pelo IPE a partir do maio deste ano.

Uma terrível notícia não apenas para os segurados.

A maior parte dos hospitais que atendem o IPE atendem também os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). E é neste ponto que o anúncio da paralisação preocupa mais ainda.  

Sem o atendimento pelo IPE, muitos segurados vão procurar o SUS para consultas, exames e internações. E isso vai sobrecarregar o sistema ainda mais.

A crise do IPE Saúde tem sido um grande problema que o governo do estado do Rio Grande do Sul não tem conseguido administrar. Dentro do contexto da saúde pública, a coisa ficas ainda pior. Vários hospitais da Região Metropolitana de Porto Alegre estão com colapso no atendimento, desde a superlotação até o fechamento de alas inteiras de atendimento. 

A princípio, não há solução à vista. 

O problema do IPE e da crise da saúde em geral no Rio Grande do Sul tem atrapalhado a busca da imagem de um governo perfeito. (Miguelito Medeiros, consultor de marketing, comunicação e política) 


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