Artigo de Vernon Smith no Wall Street Journal do dia 5 de abril de 2020
Economista
ganhador do Nobel de Economia em 2002, o norte-americano Vernon Smith, publicou
no início deste mês no Wall Street Journal artigo defendendo que o mundo sairá
melhor da pandemia. Melhor do que é hoje. E vai ser melhor em função de sua
estrutura econômica. Smith fala mais sob o ponto de vista de quem mora nos
Estados Unidos. Mas suas análises no texto publicado no WAJ funcionam para o
mundo todo.
Para
Smith, que está com 93 anos de idade, o declínio acelerado dos antigos padrões
de serviço será acompanhado pelo rápido crescimento de pedidos por correio,
entrega a domicílio, takeout e serviços relacionados. Para ele, as empresas que
crescem nessas áreas já estão se beneficiando de tecnologias de transporte com
baixos custos de transação que fazem a combinação de compradores e vendedores
em tempo real, local e circunstâncias.
O
economista chama a atenção para o fato de que, mesmo na crise da pandemia, as
pessoas continuam indo ao supermercado e às farmácias e encontrando os
produtos. Houve uma pequena inflação? Houve, devido a uma ligeira explosão na
demanda e uma relativa dificuldade logística na segunda quinzena de março.
Problemas já solucionados, na maior parte das vezes, sem a intervenção estatal.
Ou seja, a economia continuou
funcionando e vai sair mais fortalecida desta crise toda.
Importante
para o que Smith lembra: os Estados Unidos não são uma sociedade frágil nem uma
economia frágil. Países como Venezuela e Coreia do Norte não precisam de uma
pandemia para saber como é viver com as prateleiras vazias nas lojas.
O velho e
premiado economista lembra que a pandemia vai passar e todos voltarão ao
trabalho. Haverá recuperação e a economia alcançará novos níveis de
prosperidade. Assim que as vacinas e tratamentos aparecerem, e a pandemia
finalmente passar, as pessoas estarão novamente prontas para gastar em
serviços, viagens e hotéis.
Não se
desespere. A crise econômica passará, e uma vez que a repressão seja
suspendida, passará rapidamente; especialmente se o choque financeiro for
reduzido por alívios fiscais e monetários. Talvez uma questão pós-crise mais
relevante será entender se as autoridades políticas reagiram de forma exagerada
diante do auge do medo e a incerteza. Nunca saberemos a resposta, mas com
certeza a aflição atual sobre a iminente destruição econômica certamente
passará junto com a pandemia.
O texto de
Vernon Smith vai além, mas o que está nos cinco parágrafos até aqui sintetizam
o seu otimismo com a economia. Para ele, haverá recuperação e haverá
crescimento com prosperidade. Provavelmente, em parâmetros que sejam
desconhecidos por todos até aqui. Mas haverá crescimento e prosperidade.
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A pandemia
tem trazido algumas lições de solidariedade. Forçadas, mas as lições são boas.
Caso você seja instado ou mesmo convidado a doar para alguém que esteja
passando por necessidades, doe. Não pense muito. Doe. Apenas doe. E procure não
postar sua doação na internet. Apenas doe.
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Em 2017, na edição comemorativa aos 20 anos do seu livro “Pai Rico, Pai Pobre”, Robert Kiyosaki lembrava que poucas pessoas tinham dinheiro suficiente para se manter, mesmo por um mês. Assustador, não? Até a chegada de um vírus que pararia a economia de um jeito como está acontecendo agora, a afirmação de Kiyosaki parecia não fazer muito sentido. Pois agora, estamos vendo – em vários países – pessoas de diferentes classes sociais sem dinheiro. Gente que nunca precisou de nenhum programa ou benefício social hoje está se cadastrando em ferramentas emergenciais de renda mínima. Ou mesmo se candidatando a receber uma cesta básica para manter, pelo menos, uma refeição para a família à mesa.
No mesmo ano, Kiyosaki, no mesmo livro, lembrava que os norte-americanos, em sua maioria, tinham menos de 400 dólares em algum tipo de conta de poupança. E, segundo uma pesquisa a empresa de consultoria GOBankingRates.com, de 2016, 34% dos norte-americanos não tinham nenhum tipo de poupança, nem mesmo dinheiro guardado debaixo do colchão.
Com a crise passando, o mundo vai ser melhor. Vai ser melhor porque muitas pessoas ao redor do mundo vão pensar em ser previdentes. Ser previdente é ter um recurso para o imponderável. Para aquela ocasião em que não há nenhuma previsão, nenhuma desconfiança anterior do que possa acontecer. Com certeza, daqui para frente, muita gente vai pensar que poupar e ter um “bote salva-vidas” é bastante importante. Afinal de contas, sobre o Corona Vírus – excetuando a palestra de Bill Gates alertando para uma genérica possibilidade – não houve nenhuma previsão séria e baseada em fatos. O mundo foi pego de surpresa.
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