Como o estatismo e o intervencionismo atrasam o progresso de Canoas

André Guindani, presidente da CICS Canoas (Foto: Paulo Pires/GES)





O novo presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CICS) de Canoas, no Rio Grande do Sul, resolveu colocar a mão num interessante vespeiro na terceira maior cidade do Rio Grande do Sul. André Guindani, recém-empossado no cargo em janeiro de 2020, quer que os vereadores da cidade revoguem uma lei de 2015 que criavam uma Macrozona de Integração em um dos maiores bairros de Canoas, o Guajuviras. Pela legislação proposta pelo então prefeito Jairo Jorge da Silva, então no PT, uma área enorme, que abrangia uma margem de um quilômetro ao longo da avenida Boqueirão, não poderia ter construções maiores das que já estavam construídas. Com a lei, Jairo Jorge da Silva estabelecia uma zona de exclusão, onde os donos dos terrenos tinham seus índices construtivos diminuídos. Ou seja, caso o dono do terreno quisesse erguer um prédio de mais de dois andares, precisaria "comprar de volta" o índice construtivo. 
Era como um direito do proprietário lhe fosse tirado e, caso quisesse de volta, teria que pagar. Óbvio que muitos donos de terreno deixaram de lado a ideia de empreender novas construções no bairro, um dos maiores do Rio Grande do Sul com população e comércio pujantes. 

André Guindani está enviando cartas às autoridades do município pedindo a revogação da lei municipal 5.962 de dezembro de 2015, por considerá-la um empecilho ao desenvolvimento imobiliário de Canoas. A cidade de Canoas é a maior da Região Metropolitana de Porto Alegre, ficando atrás apenas da Capital dos Gaúchos.

É uma cidade industrial que tem na Refinaria Alberto Pasqualini, que fornece combustíveis e insumos para a indústria petroquímica, o seu carro-chefe na cadeia produtiva. 

A decisão do prefeito Jairo Jorge da Silva, em 2015, mostra o quanto a vontade de um prefeito socialista de intervir na vida econômica de uma cidade pode ser prejudicial. André Guindani não arrisca uma estimativa de quanto Canoas deixou de ganhar por projetos imobiliários que foram adiados. No entanto, há um percepção junto ao mercado imobiliário local de que mais de 500 imóveis possam ter sido impactados negativamente pela medida socialista-interventora do então prefeito petista nos últimos cinco anos.


"A criação da Macrozona de Integração inviabilizou economicamente centenas de imóveis para o desenvolvimento vertical de uma das regiões mais maduras de Canoas"

André Guindani, presidente da CICS de Canoas


Jairo Jorge da Silva ficou mais de 25 anos no PT, de onde saiu em 2018 rumo ao PDT (há menos de dois meses, deixou os brizolistas e assinou ficha no PSD de Kassab). Socialista, interventor e estatista, Jairo Jorge da Silva queria um transporte de massa alternativo em Canoas. Pensou no aeromóvel, um modelo de trem movido a pressão de vento feita por enormes compressores de ar.

O modelo não deu certo em nenhum lugar do mundo. Funciona em apenas uma linha, de menos de um quilômetro, ligando uma estação do metrô de Porto Alegre ao aeroporto da cidade. É um APM, sigla em inglês para automated people mover. Não serve para transporte de massa. Em Jacarta, na Indonésia, uma linha do trenzinho funciona dentro de um parque temático levando turistas. 


Aeromóvel em parque temático em Jacarta, capital da Indonésia
O ideal para Canoas, uma cidade já cortada por quatro rodovias federais, uma ferrovia, uma metrovia e sede de uma base aérea da Força Aérea, seria um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), solução implantada em diversas cidades ao redor do mundo, inclusive no Rio de Janeiro, onde há uma linha de  quilômetros. 

Na sua megalomania estatista, Jairo Jorge da Silva, em seus dois mantados como prefeito entre 2009 e 2016, quis rebaixar uma linha de trem, criar uma estatal municipal para saneamento, além de querer oferecer assistência através do Sistema Único de Saúde para 156 municípios. 

Entregou a máquina da prefeitura inchada, cheia de problemas e muitas dívidas. E, claro, com uma série de expectativas não correspondidas para a população mais carente.

Por querer achar que podem fazer mais que o mercado privado, os estatistas acabam atrasando o desenvolvimento de toda uma cidade. Os investidores vão para outro lugar, levando os impostos, os empregos, as oportunidades de renda, a riqueza e os sonhos. 


VLT no Rio de Janeiro. A construção da linha praticamente não altera a paisagem urbana (Foto: diariocarioca.com)




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