Com a prisão nesta quinta-feira, 21mar2019, do ex-ministro
Moreira Franco, o Rio de Janeiro passa a ostentar a triste marca de ter todos
os seus ex-governadores presos ou fugitivos. Sim. Desde a redemocratização, o
Rio de Janeiro teve Leonel Brizola, que não foi preso em 1964 porque fugiu para
o Uruguai, onde permaneceu no exílio até 1979. Brizola foi eleito para ser
governador no Rio de Janeiro em 1982, como primeiro eleito depois do período
militar. Depois dele, todos os governadores eleitos para o cargo no Rio de
Janeiro foram presos. Por corrupção. Nesta lista, não entram Benedita da Silva
nem Nilo Batista, pois foram vices.
A prisão de Moreira Franco, no âmbito das investigações da
Lava-Jato, traz à lembrança de que o Rio de Janeiro, mesmo sendo um dos estados
mais ricos do Brasil, é também uma das unidades da federação mais
problemáticas. As notícias que vêm do Rio de Janeiro são, em sua maioria,
ruins. A violência, o tráfico de drogas, o contrabando, a corrupção, a lavagem
de dinheiro, a prostituição em níveis industriais e as doenças tropicais –
muitas delas oriundas da proliferação de mosquitos – são fontes inesgotáveis de
notícias ruins.
Também pode-se colocar na lista de notícias ruins o
descalabro financeiro das contas públicas, com salários do funcionalismo
atrasados há anos, a crise da moradia e o caos na saúde pública. Os hospitais
públicos do Rio de Janeiro são case internacional de como a corrupção na saúde impacta
negativamente na vida das pessoas.
A corrupção envolvendo dinheiro para o Carnaval, com a
presença do dinheiro do jogo do bicho, o superfaturamento de obras da Copa do
Mundo e dos Jogos Olímpicos são a cereja do bolo da corrupção e do descaminho
da coisa pública no Rio de Janeiro nos últimos 30 anos.
Então. Coincidência é que o Rio de Janeiro é a sede de uma
das maiores empresas petrolíferas do mundo. A Petrobras tem seu edifício-sede
no Centro do Rio de Janeiro. A estatal, como foi provado pelas condenações da
Lava-Jato, foi o cerne do maior escândalo de desvio de dinheiro público do
mundo moderno.
Empresas de petróleo monopolistas na mão do estado são
fontes de corrupção na maioria dos casos ao redor do mundo. Basta ver as petrolíferas
que exploram petróleo na maioria dos países onde há ditaduras. São todas estatais.
Aqui do lado, na Venezuela, a estatal PDVSA foi usada pelo governo socialista
para distribuir benesses e comprar apoio. Dentro e fora do país.
Com a Petrobras não foi diferente.
Agora, trocando o rumo da prosa. Vê-se que um setor
monopolista de produção de commodities na mão do estado gera a corrupção.
Diferente de outro setor que produz commodities que não está
na mão do Estado. Trata-se aqui do setor do agronegócio brasileiro, especificamente
da cultura de soja. Um produto internacionalmente de preço alto que gera
riqueza em diversos setores da economia, como a fabricação de máquinas
agrícolas, sementes, tecnologia de plantio e fertilizantes.
A riqueza da cultura de soja é distribuída, difundida entre
os milhões de produtores espalhados por praticamente todos os estados
brasileiros. O empresário produtor que planta milhares de hectares recebe o seu
dinheiro no final da safra, assim como o pequeno agricultor familiar que planta
soja em 50 hectares. O preço é igual para os dois casos.
Não há notícias de esquemas de corrupção na plantação de
soja. Justamente porque a riqueza é distribuída por milhões de produtores. Ela
não passa pela mão do estado.
Diferentemente da riqueza do petróleo onde a produção é
monopolista e está na mão do Estado. O dinheiro fica não mão do governo.
E é aí que mora o perigo.
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